É assim que começam todas as histórias (ou quase todas). A minha não é diferente.
Nasci há quase 40 anos numa aldeia do centro do país e por lá cresci. Sou filha única, mas nunca me senti sózinha pois o que não me faltava eram primas na mesma condição que eu. Tive uma infância e adolescência feliz, a brincar na rua, com primas e amigas, em casa dos avós. Os meus pais tinham um café lá na aldeia e por lá fui crescendo até ao momento de constituir a minha família.
Licenciei-me em Gestão de Empresas e ingressei na área da Banca. Namorava à cerca de 1 ano quando engravidei da minha princesa e decidimos juntar-nos e fomos morar para casa dos pais dele. Mas como quem casa quer casa, passados cerca de 3 anos comprámos a nossa casa, numa aldeia a cerca de 25km da minha terra e a 10km da dele. Uns anos mais tarde volto a engravidar, desta vez do meu principe, e já numa fase algo conturbada quer no meu emprego quer no do meu companheiro.
Melhor ou pior nos fomos aguentando. Até ao final de 2014... quando tive a notícia que ia engrossar a lista do desemprego do meu país. Desde o início do corrente ano que sou mais uma desempregada. Foi um balde de água fria. E eu que desde que tinha acabado a minha licenciatura estava no mercado de trabalho, sem nunca ter passado por esta situação. Alguma vez seria a primeira, poderão pensar.Sim, é verdade, mas pensamos sempre que não nos afecta a nós... ainda mais estando eu a trabalhar numa área que até há meia dúzia de anos não se ouvia falar em despedimentos.
Resumindo, tenho quase 40 anos (ainda faltam 6 meses antes da entrada nos "entas"), 2 filhotes lindos, a C. com 13 anos e o L. com 5 anos, desempregada e agarrada a uma relação que já viu melhores dias...
E a parte do viveram felizes para sempre... por agora não sei se será este o final... mas já não acredito em contos de fadas...
Se juntarmos um café, uma esplanada com vista para o mar, um pouco de sol e uma boa companhia, isso é... dos pequenos prazeres da vida que não abdico.
E se o dia hoje amanheceu cinzento, a tarde junto ao mar estava com um céu azul e um sol daqueles. E lá estive eu a fazer a minha fotossíntese, porque para mim um dia com sol é meio caminho andado para andar com o humor em altas.
Gosto da Primavera (mas a minha estação preferida é mesmo o Verão, praia, sol, mar, areia, praia, calor, já disse praia?!), essencialmente pelo que a mesma representa. O despontar das flores nas árvores, os campos cheios de papoilas, vinagreiras e malmequeres, o barulho dos pássaros, os dias a crescer, a mudança da hora...
É nesta altura que se fazem as grandes limpezas da casa (apesar de eu não ser nenhuma "fada do lar" propriamente dita). Mas lá tem de ser...
Época da Páscoa! E gosto de fazer uma decoração diferente nas épocas festivas.
E desta vez não foi excepção. Aqui fica uma amostra da decoração deste ano.
(as amêndoas já tinham sido comidas por um comilão...)
E é tão bom chegar a casa cansada, não dos afazeres profissionais mas das obrigações enquanto mãe, e ter o jantarinho na mesa à nossa espera... ou então não!!!
Chegar a casa com o carro atolado de coisas para tirar (ele é o saco da natação do piolho, ele é o cesto da roupa, ele são compras, ele é o próprio piolho meio a dormir...) e o gajo continuar sentado no sofazinho a ver TV. Ir tratar do jantar, pôr a mesa, pôr a enxugar as roupas da natação, tirar louça da máquina, e tudo isto com alguém que continua sentado no sofá a ver TV e que nem sequer pergunta se é preciso ajuda.
Dá-me cá uma volta ao estômago... mas, como me dizem constantemente: "habituaste-o mal", "é tua obrigação enquanto mulher", "quando casaste já sabias como seria", etc, etc...
NÃO!!! Recuso-me a aceitar este estigma de que só porque sou mulher tenho obrigação de tratar das coisas da casa. Mas já nem vale a pena lamentar-me... Mas que me dá volta ao estômago dá!
Ainda para mais quando essa pessoa passou o dia em casa... e eu fora! Pior que uma mulher em casa sem trabalho desempregada, é um homem em casa desempregado... ainda para mais como o meu que nem a simples roupa da máquina é capaz de tirar para estender.
Conheço muitos casais que se entreajudam, que os maridos/companheiros/namorados tratam de várias coisas em casa. O meu não. NADA! Nada de nada. Se calhar parte da culpa também foi minha que nunca o "obriguei" a fazer as coisas, mesmo quando ele estava desempregado e eu a trabalhar. Mas ao fim de alguns aninhos de vida em comum (quase 14, ui já?!) torna-se difícil querer mudar hábitos e partilha de tarefas.
Desculpem logo no meu 2º post um desabafo tão longo. Mas também criei em parte este cantinho para poder pôr cá para fora o que tenho guardado tão para mim...
Já há muito que me queria aventurar nesta coisa da Blogosfera, mas sinceramente fui adiando, adiando, e hoje enchi-me de coragem e zás..... Criei este cantinho!!!
Apesar de não ter muito jeito para a escrita, cá me vou aventurar neste mundo e escrever mais não seja que desabafos do dia-a-dia de uma mulher à beira dos 40, mãe de dois filhos, e que está a atravessar uma fase menos boa nesta vida.